Programa Dá Licença

Educação Financeira Escolar

Sobre o projeto

Desde o começo do Século XXI, múltiplos agentes vem se dedicando à produção de conteúdo sobre Educação Financeira, tanto para mídias virtuais quanto para ambientes escolares. Contudo, é necessário entender os interesses e os objetivos destes profissionais e instituições na formação dos cidadãos.

Este projeto originou-se de um grupo de estudos consolidado como uma ação do Programa Dá Licença em 2023, com objetivo de promover discussões sobre a introdução da Educação Financeira no currículo da Educação Básica na perspectiva da Educação Matemática. Neste sentido, buscamos discutir as propostas institucionais e governamentais e suas intencionalidades, a produção de materiais didáticos para a escola e a formação de professores capacitados para explorar esta temática com os estudantes.

Estamos em fase de ampliação das atividades do grupo, buscando contribuir para formação inicial e continuada de professores que ensinam matemática a partir dos seguintes objetivos:

  • consolidar um grupo de pesquisa para licenciandos e professores da Educação Básica e Superior;
  • produzir materiais didáticos para o ensino e a aprendizagem da Educação Financeira nas escolas;
  • orientar e produzir Trabalhos de Conclusão de Curso de licenciandos em Matemática ou de dissertações e monografias de pós graduandos em Ensino de Matemática;
  • produzir artigos para periódicos na área de Ensino e Educação Matemática;
  • realizar oficinas para professores, licenciandos e estudantes da Educação Básica.

 

Coordenador do projeto:
Prof. Jones Colombo (GAN/UFF)

Professores colaboradores:
Natasha Cardoso Dias (GMA/UFF)
Paula Monteiro Baptista (GMA/UFF)
Plinio Guillel Pino Murillo (GMA/UFF)
Wanderley Moura Rezende (GMA/UFF)

Discentes voluntários:
Brenda Duarte Paixão
Daniela Pacheco Leão Chaves
Felipe Franco Pereira Carneiro
Luiz Paulo França de Oliveira
Raphael Paes Oliveira de Carvalho
Thomaz Schroder Senna
Wania Antonio Mauricio

Voluntários externos:
Ewertton Rocha Vital
Hugo Lagrimante Ferreira

Jean Pierre Bonaparte Bringuenti
Júlia Almeida Vasconcelos
Pedro Humberto da Costa Rezende
Vanessa Nunes de Souza

Nossa concepção de Educação Financeira Escolar

Educação Financeira comumente veiculada na mídia e em espaços virtuais promove o consumo de produtos bancários e ajuda os indivíduos a decidirem como usar seu capital, delineando as escolhas disponíveis, as necessidades que devem ser atendidas por cada escolha e as suas consequências. Para Arthur (2012), estimular tomadas de decisões financeiras responsáveis no século XXI não é suficiente para construir uma sociedade crítica e responsável, precisamos entender as condições que criam as alternativas disponíveis no mercado, estimulando os estudantes a questionar o cenário político, social e econômico que delimita tais condições.

Centralizar o discurso no esforço pessoal dos indivíduos que buscam estabilidade financeira tende a reforçar atitudes individualistas. Fernandes e Vilela (2019) apontam que este discurso contribui para a “minimização de atitudes altruístas e de cunho colaborativo nas pessoas, ou seja, a formação do homo oeconomicus” (p. 184). As autoras entendem o “homem econômico” como “o indivíduo da economia que está relacionado ao princípio da racionalidade” (p. 179), que tem por objetivo a maximização dos lucros pessoais.

Essa vertente pode ser encontrada em muitos projetos de Educação Financeira, além de ser amplamente veiculada na mídia e nas redes sociais, a partir de vários agentes e instituições que dialogam com o público em geral. Com um olhar voltado para o espaço escolar, Fernandes e Vilela (2019) analisaram os materiais didáticos desenvolvidos pela Estratégia Nacional de Educação Financeira e apontaram que estes também reforçam a crença em atitudes individualistas e propõem “um tipo específico de Educação Financeira: uma Educação Financeira como performatização da teoria econômica neoliberal no espaço escolar” (p. 183).

Além de abordagens neoliberais focadas em investimentos individuais e gestão de finanças pessoais, outras possibilidades enriquecem o aprendizado e a prática, como o cooperativismo e o coletivismo. O cooperativismo financeiro, por exemplo, promove a união de indivíduos em cooperativas de crédito, onde os membros compartilham recursos financeiros e dividem responsabilidades e lucros, fomentando a economia solidária. Já o coletivismo enfatiza a importância de ações coletivas e comunitárias na gestão financeira, incentivando a criação de fundos comunitários, compras coletivas e outros mecanismos que fortalecem a cooperação e o bem-estar coletivo. Essas abordagens valorizam a solidariedade, a equidade e a sustentabilidade, proporcionando uma perspectiva mais abrangente e inclusiva na Educação Financeira.

Neste projeto, tomaremos como norte a concepção de Educação Financeira Escolar de Silva e Powell (2013) e trataremos da Educação Financeira na perspectiva da Educação Matemática, buscando propiciar um espaço de reflexão dentro da escola e na formação de professores que contribua para formação crítica de estudantes desde os anos iniciais da Educação Básica.

Silva e Powell (2013) apresentam uma proposta curricular para Educação Financeira, cujo “objetivo que orientará o processo de ensino será o de desenvolver o pensamento financeiro nos estudantes, como parte de sua educação matemática” (p. 13). Tratar a Educação Financeira no âmbito da Educação Matemática significa considerar os aspectos matemáticos e também os aspectos não matemáticos, indo além dos conceitos técnicos da Matemática Financeira e dos cálculos que os acompanham. Desejamos envolver também aspectos psicológicos/comportamentais, culturais, políticos, geográficos, econômicos e sociológicos, como aponta Muniz (2016).

Para Silva e Powell (2013), ‘A Educação Financeira Escolar constitui-se de um conjunto de informações através do qual os estudantes são introduzidos no universo do dinheiro e estimulados a produzir uma compreensão sobre finanças e economia, através de um processo de ensino, que os torne aptos a analisar, fazer julgamentos fundamentados, tomar decisões e ter posições críticas sobre questões financeiras que envolvam sua vida pessoal, familiar e da sociedade em que vivem.’ (p.13)

Desejamos contribuir para a formação de indivíduos educados financeiramente, no sentido proposto por Silva e Powell (2013), explorando as temáticas apresentadas nesta proposta curricular, organizadas em quatro Eixos Norteadores: (i) noções básicas de finanças e economia; (ii) finanças pessoal e familiar; (iii) as oportunidades, os riscos e as armadilhas na gestão do dinheiro numa sociedade de consumo; (iv) as dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e psicológicas que envolvem a Educação Financeira.

Referências

ARTHUR, Chris. Financial Literacy Education: Neoliberalism, the Consumer and the Citizen. Rotterdam: Sense, 2012.

FERNANDES, L. F. B.; VILELA, D. S. Educação financeira na escola básica brasileira: um olhar sociológico. Hipátia, v. 4, n. 1, p. 176-186, jun. 2019.

MUNIZ, I. Jr. Econs ou Humanos? Um estudo sobre a tomada de decisão em Ambientes de Educação Financeira Escolar. 2016. 431 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2016.

SILVA, A. M.; POWELL, A. B. Um programa de Educação Financeira para a Matemática Escolar da Educação Básica. In XI Encontro Nacional de Educação Matemática, 11., 2013, Paraná. Anais […] Paraná: SBEM. 2013, p. 1-17.

 

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